Por Laís Lamar Rodrigues Silva
Se você é um fã de ficção científica, deve estar habituado a ver naves espaciais viajando grandes distâncias extremamente rápido. Uma das explicações para isso são as viagens mais rápidas que a luz, também chamadas superlumínicas, que desafiam a física relativística de Einstein.
Se tratássemos da física clássica, não haveria limite para a velocidade das grandes naves. Já pela teoria de Einstein, a massa aumenta com a velocidade de um sistema, até que fique infinita (ao atingir a velocidade de 299.792.458 m/s, a velocidade da luz), interferindo em sua capacidade de deslocamento.
Até o momento, as pesquisas sobre viagens superlumínicas, baseadas na teoria geral da relatividade, exigem grandes quantidades de matéria com propriedades exóticas, como densidade de energia negativa, e partículas hipotéticas que não são possíveis de se encontrar ou fabricar em quantidades viáveis.
Mas, num estudo recente, o físico Erik Lentz, Ph.D em física pela Universidade de Washington, propõe construir uma classe de sólitons (ondas solitárias que mantém sua forma em interações não lineares, enquanto se propagam em velocidade constante, como o caso dos anéis de fumaça ou parecido com uma onda tsunami) hiper-rápidos, obtidos de fontes com densidade positiva, que podem viajar a qualquer velocidade, até mais rápido do que a luz.
Dr. Lentz analisou pesquisas anteriores, e descobriu algumas lacunas nos estudos de dobras espaciais (isso mesmo, igual em Star Trek). Em seu estudo, o físico derivou as equações de Einstein para configurações não exploradas de sólitons, para descobrir que as geometrias alteradas do espaço-tempo podiam ser formadas de modo a funcionar até mesmo com fontes de energia convencionais, as chamadas condições de energia.
Os sólitons também foram configurados de forma a conter uma região com o mínimo de forças de maré, fazendo a passagem de tempo dentro do sóliton coincidir com a passagem do tempo externo, eliminando complicações do paradoxo dos gêmeos. Assim, pelas equações de Lentz, se um gêmeo viajar próximo da velocidade da luz, ainda teria a mesma idade que seu irmão quando se reunissem na Terra.
Agora, para Lentz, “o próximo passo é descobrir como reduzir a quantidade de energia necessária para se adequar às tecnologias atuais, como uma grande usina moderna de fissão nuclear. Depois podemos falar sobre construir os primeiros protótipos”.
Se for gerada energia suficiente, as equações obtidas na pesquisa podem permitir viagens espaciais de ida e volta para Proxima Centauri em aproximadamente quatro anos e três meses, algo que, com a tecnologia atual, demoraria mais de 50 mil anos apenas para uma viagem de ida.
Comparação entre o tempo de viagem com propulsão química, propulsão nuclear e dobra espacial. Fonte: E. Lentz |
A pesquisa de Lentz é extremamente importante para as futuras missões espaciais, e atualmente o físico está nos estágios iniciais para determinar se os métodos de economia de energia propostos em pesquisas anteriores podem ser modificados, ou se há a necessidade de se estudar novos mecanismos para reduzir a energia necessária para abastecer um motor de dobra espacial teórico. Se a pesquisa do Dr. Erik Lentz for possível, talvez logo possamos fazer viagens como a USS Enterprise, e "audaciosamente ir aonde nenhum homem jamais esteve".
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