Por Marcus Vinicius do Prado
Intitulado “Só pode ser Brincadeira, Sr. Feynman!”, a obra já faz o trabalho de passar, em uma frase, qual será o ambiente que o leitor entrará e indicatório de quem é o personagem Feynman. A palavra personagem parece apropriada visto que em todo o livro, a realidade das situações relatadas pelo próprio Feynman, parece nada menos que ficção, mas é fruto da pura aleatoriedade de situações e a aparente infinita variedade de pessoas no mundo. O livro faz um recorte de histórias contadas por Feynman e coletadas por Ralph Leighton, que conviveu durante sete anos ao lado, mostrando vários lados que são muito longe do que se idealiza de um cientista e físico. As palavras, que parecem transcritas das próprias conversas entre os dois, tornam a leitura quase de uma forma que o leitor estivesse ouvindo a história ser contada em sua frente, e essa linguagem acessível não só representa uma parte de quem foi esse personagem mas é instrumento que ajuda a tornar acessível a obra, fugindo de tecnicalidades e muitos jargões.
É uma obra rica em bom humor e alegria, que sempre foi marca da expressão de Feynman, seja por suas brincadeiras, seja por seu constante maravilhamento com o novo, com o inusitado ou pela própria natureza que nos cerca. Até certo ponto, a leitura é motivada pela apreensão em conhecer o que de incrível será contado a seguir e pode levar o leitor a ter as partes finais do livro lidas de forma mais arrastada que as anteriores. Já que as leituras das partes no começo de sua vida, passando por seus anos de estudante na universidade, seu envolvimento no projeto Manhattan até os primeiros anos posteriores, são dados maior ênfase.
Não existem tipos certos de pessoas para a obra, ela fez o que foi proposto: contar uma parte da história de vida de uma das mentes mais brilhantes que o mundo pôde testemunhar no século 20. Com seus defeitos, anseios, preocupações e alegrias, cortando o distanciamento entre a figura e a pessoa mostrando o lado que todos compartilhamos, o humano.
Por fim, de modo a entrar em sintonia com a obra, seguirá um comentário pessoal.
É divertido ler as histórias, e mostra a grandeza do legado dele de uma forma que não pareceu longe de mim. Senti como se fosse uma pessoa que encontrei, contando sua história sem enaltecer a si para me deixar inferior, o que o torna maior que qualquer um que poderei conhecer...
P.S.: Não sei se o Nobel dele tivesse saído se ficasse mais tempo no Brasil (risos)
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