Por  Maria Eduarda Machado e Marcus Vinicius do Prado



     Em um recente estudo publicado na Monthly Notices da Royal Astronomy Society, reporta um evento particular que pode já ser conhecido por entusiastas da astronomia, a Espaguetificação.

Parece estranho o nome, mas não passa uma ideia errada do que aconteceria se você fosse perto o suficiente para um buraco negro começar a te “engolir”. Ele literalmente iria começar a te puxar mais intensamente nas partes do seu corpo que estarão mais próximas à ele, fazendo com que todo seu corpo fique achatado, e pedaços seus comecem a ir em direção ao faminto, mas enjoado com relação a forma de se alimentar, buraco negro.

Estamos longe de buracos negros para que essa situação seja real dentro da nossa realidade terrestre, só que não os outros corpos celestes como estrelas e planetas. Eles estão muito mais propensos a interagirem fatalmente com os buracos negros, e foi isso que aconteceu com uma desafortunada estrela a cerca de 215 milhões de quilômetros de distância, na galáxia de Eridan, evento esse observado devido a diferença de luminosidade que o buraco negro causava na estrela, sugando e ejetando quantidades imensas de matéria da estrela em velocidade maiores que 10 mil quilômetros por segundo. 

Esse trabalho publicado por Nicholl e Wevers, é julgado como sendo o primeiro a descrever o evento de espaguetificação observado no universo, ou como os estudiosos da área colocam formalmente, um evento de perturbação de marés. Não soa tão dramático e maluco quanto o anterior, mas é o termo técnico usado para esse fenômeno catastrófico e deslumbrante ocorrido o mais próximo de nós, até agora.

Para detectar esse evento, os pesquisadores precisaram ver as radiações de faixa no ultravioleta e nos raios X que surgiram do processo de espaguetificação para estabelecer que temperatura, velocidades, intensidade e luminosidade estavam ocorrendo no processo. A análise dos dados mostrou detalhes intrigantes sobre como a estrela foi devorada e quais dos elementos químicos que essa estrela possuía. Para mais detalhes sobre o trabalho dos pesquisadores, é fornecido abaixo um link DOI para encontrar facilmente o arquivo para download.

Com essa confirmação que, de fato, houve a espaguetificação, o universo se parece mais com ficção científica. Quem sabe mais o que só nos parece agora imaginação se prove real e intrigue cada vez mais essa vida habitual terrestre a qual compartilhamos.



  (https://doi.org/10.1093/mnras/staa2824)